terça-feira, 24 de julho de 2007

Mais um dia

Ontem gelada
a madrugada
que se anunciava
por entre o dia
e penetrava na noite
feito amante no cio
em macia cama...
amacio meu travesseiro
e vejo inteiro
mais um dia.

sábado, 21 de julho de 2007

Descompasso

Não danço
até alcanço tua mão
mas perco a direção
o compasso
a noção do tom
o som não ouço
é oco
como um coco
sem nada dentro.

Minto

Hoje meu corpo jaz
e eu atrás
já não o alcanço
já não encontro
o descanso que preciso
hoje eu não digo
hoje indago
teu jeito indeciso
hoje o paraiso
não me espera
hoje me farto
desse prato que não acaba
hoje embarco e naufrago
engasgo e não falo
o que sinto
hoje minto.

Melancolia

Tenho esse pouco desperto
esse sorriso aberto
e o corpo fechado
tenho um quê guardado
para ser dado
a quem merecer
tenho ainda
um quê de não usado
um tanto de juventude
um resto de virtude
algo de saudade esperando
para mais tarde
quando eu envelhecer.

Ferida

No momento
este presente
que arde
como semente
de pimenta malagueta
espeta um espinho
no meu peito
e ainda acha
um jeito
de se fazer perdoar.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Um poema encomendado...

Esse amor
com gosto de novo ainda
com sabor de não acabado
uma delícia não terminada
e sempre vivo
Esse amor
que me faz sentir fome
vontade de dizer
muitas vezes teu nome
e comer a sua carne
de ser perfeito
para mim.

Inspirado em um poema do Cláudio Melo e Souza....

À francesa

Apelo e perco
o cerco que se fechou
me pegou de jeito
agora, o jeito
é sair sem ser notada
sem dizer palavra alguma
agora, o jeito
é ficar sentada
calada
sem dizer nenhuma palavra.

Só Mulher

Meu ser poeta
quer tirar férias
jejuar de coisas sérias
quer brincar de ser
só mulher
não falar de poesia
ver novelas
não pensar em livraria
acender velas
me banhar com água fria
esperando de noite
e de dia
você voltar.

Crença

Dia cinza
eu, ranzinza
querendo um colo
palavra qualquer de carinho
um ninho
uma prece
que Deus venha
mesmo que não convenha
a ele minha companhia
queria um guia
um anjo
pra me guardar.

Meu pai

A fome do homem
a fome que come tudo
que vê pela frente
A fome da mente
A fome que sente o estômago
e mascara a verdade
A fome de casa
dos parentes
do abraço quente
do meu pai.

Dedico a meu pai, a minha mãe,a binha, e a caíque (meu maior amor)

Um desejo

Colore meu espaço
faça cor com teu abraço
e sustenta esse olhar
de novo em mim.
Serei uma escrava devotada
Uma rainha
coroada por tua mão.
Venha meu rei
de encanto farto
farte-se
comigo.

Dedico a alessandro

Inteira

Morna e fria
vacilante
não sei se vou ou fico
e se fico
me espreguiço e lanço chamas esquisitas
feito um dragão de mal com a vida.
São muitas saudades
grandes presságios e passageiras agonias
Dias felizes, noites frias
e a calmaria que encontro no amor
é sempre bem-vinda.
Sou de pequenas sutilezas
grandes gentilezas
enorme bondade.
Mas sou também mesquinha
como todos às vezes o são...pequeninos
quando ainda são meninos e
não sabem que o que fazem é maldade....
Enfim, sou de verdade
não um pouco
não um naco
Sou toda
inteira
intensa
tensão.