segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Mais que nada

Mais que nada
mas
eu não esperava muito
quando nasci
Esperava uma sorte tardia
uma agonia permanente
uma queda
o quente da vida
uma noite calma
beijos de minha
própria boca
dados em bocas erradas
Esperava encontrar
esse muro
ele mesmo
preto, imenso
impedindo que eu
chegue lá
mas que nada
quem não espera nada
alçança mais.

Um pedido

Me dê um pedaço!
O moço quer
levar um pouco
de mim
pra casa
Não acho certo
dar ao acaso
e incerto
o que guardo
tão perto
Agora refeito
já não sofre
pelo amor desfeito
Não se dá por satisfeito
mas já não
chora de descontentamento
O que pedes
é demais
Guarde um beijo
que não é tão raro
mas,
não queira
meu caro
um coração engordurado
de paixão.

Amores

Represente o lado
indecente da vida
Dê de presente
pelo amor mal dado
um ar de descaso
um certo ar
de mal amado
sem rancores
Amores
ai, amores
de juras e mentiras
Amores
de hoje
rumores de traições
ações de vinganças
Amar em eterno
sobressalto
Amar de salto alto
Amar pensando
em não mais amar
Representar o amor
com cara de bobo
com pavor
de ser pego em flagrante
servindo de ponte
para um outro atravessar.

Amor sem tamanho

Vida
Vício
Feitiço
Arte
Morte do corpo
Transfusão
Teu sangue no meu
contaminado
de paixão
Agressão
Puxão de orelha
Declaração
de amor
O amor não é inocente
é belo
é medonho
tristonho
Aventura amar
de corpo inteiro
se dar por inteiro
não medir tamanho.

Melhor?

Melhor que tenhas
medo
melhor,
bem maior
que eu
Melhor que tenhas
pavor
estupor
doenças incuráveis
fomes insaciáveis
amores inalcançáveis
histórias inacreditáveis
e o corpo intocável
Melhor que não
te toquem
que não te amem
com loucura
que não te beijem
que não te babem
Melhor,
bem menor
que os meus
males curáveis
minha fome saciada
meus amores alcançados
meu corpo maculado
e minhas histórias
mentirosas
que passam
por verdades.

Febre Eterna

Ardo em febre
corpo em chama
chamas que queimam
O fogo aceso
agora ignora
meu pedido de socorro
Serei eterna?
Eternamente febril?
A carência ainda me intimida
um pouco
Guardo pouco
dos rostos que sorriem
quando eu passo
para mais tarde
cortarem qualquer laço
qualquer contato
Ardo porém, ainda
com calma
a minha alma cansada.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Essa Moça

Deixo morar
essa moça
dentro aqui
Esta que me faz assim
Tão quieta
Não permito que ela
faça festa
Deixo que ela queira
se esconder
Que se cale
Que não fale
o que sabe de mim.

Bem Amado

Não esqueço tua sombra tua sobra em mim é grande de um tamanho medonho um sonho de homem um pedaço de mau caminho meu carinho meu desespero e contentamento meu maior momento minha melhor lembrança minha grande esperança meu muito amado. (março de 2007)

Conto quase tudo

Conto com nada
Conto com ninguém
Conto as horas, as demoras
Conto trocados
Conto namorados
Conto mentiras
Conto verdades
Conto idades
Conto de mim
Conto de nós
Conto os cantos da casa
Conto os dias
Conto os dedos
Conto os medos
Conto quase tudo
Só não conto
o tanto que perdi
de encanto
sem você.

Completo

Completo meu ciclo
te ensinando
meus vícios
Completo minha fala
te acusando de maus hábitos
Completo meu mundo
te fazendo
ir ao fundo de mim
Completo meu riso
te querendo assim
ainda que indeciso.